segunda-feira, 15 de março de 2010

O que seria mais óbvio para vc?

"A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um ser que governe o universo com justiça. "Se admitirmos que o homem vive actualmente pela primeira vez neste mundo, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um de nós, a incoerência e a parcialidade, forçoso seria reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos males, das aptidões e das faculdades, das qualidades nativas e dos vícios originais. "Todos os espíritos tendem para a perfeição, e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. A sua justiça, porém, concede-lhes realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. "Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio em que foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte não seria uma única a balança em que Deus pesa as acções de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa. "A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece os meios de resgatarmos os nossos erros, por novas provações. A razão no-la indica e os espíritos a ensinam. "O homem que tem consciência da sua inferioridade haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e reanima-lhe a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o espírito a utilizará em nova existência". 2.2. REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO "A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera poderia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o facto poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde há muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida corpórea, mas em outro corpo, especialmente formado para ele, e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia, assim, aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Baptista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado". 2.3. REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE "Poderia encarnar num animal o espírito que animou o corpo de um homem?". Allan Kardec submete aos espíritos a questão, inscrevendo-a sob n.º 612 em "O Livro dos Espíritos", para averiguar a veracidade ou não de certas afirmações populares que informavam poderem as almas retornar à Terra num corpo de animal para pagamento de infracções cometidas contra a Lei. Esclarecem os espíritos: "Isso seria retrogradar, e o espírito não retrograda. O rio não remonta à sua nascente". E o codificador comenta: "Seria verdadeira a metempsicose, se indicasse a progressão da alma, passando de um estado inferior a outro superior, onde adquirisse desenvolvimentos que lhe transformassem a natureza. É, porém, falsa no sentido de transmigração directa da alma do animal para o homem, e reciprocamente, o que implicaria a ideia de um retrocesso...". "A reencarnação, como os espíritos a ensinam, funda-se, ao contrário, na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade. O que o rebaixa é o mau uso que ele faz das faculdades que Deus lhe outorgou para que progrida". Emmanuel explica como nasceu entre os egípcios a doutrina da metempsicose: "... O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre". "Pitágoras foi o primeiro que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimentos da alma, doutrina que havia conhecido em suas viagens ao Egipto e à Pérsia. Ele tinha duas doutrinas, uma reservada aos iniciados, que frequentavam os mistérios, e outra destinada ao povo; esta última deu nascimento ao erro da metempsicose. Para os iniciados, a ascensão era gradual e progressiva, sem regressão às formas inferiores, enquanto ao povo, pouco evoluído, se ensinava que as almas ruins deviam renascer em corpos de animais...". "O vulgo não quer ver hoje na metempsicose mais do que a passagem da alma humana para o corpo de seres inferiores. Na Índia, no Egipto e na Grécia ela era considerada, de um modo mais geral, como transmigração das almas para outros corpos humanos. Tendemos a crer que a descida da alma à animalidade num corpo inferior não era, como a ideia do Inferno, no catolicismo, mais do que um espantalho, destinado, no pensamento dos antigos, a apavorar os maus. Qualquer retrocesso desta espécie seria contrário à justiça, à verdade; além de que o desenvolvimento do organismo, ou perispírito, vedando ao ser humano a possibilidade de continuar a adaptar-se às condições da vida animal, torná-la-ia, aliás, impossível" 2.4. REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A TEORIA DAS VIDAS SUCESSIVAS "A doutrina das vidas sucessivas, ou reencarnação, é também chamada palingenesia, de duas palavras gregas - palin, de novo, genesis, nascimento. O que há de mais notável é que, desde os albores da civilização, ela foi formulada, na Índia, com uma precisão que o estado intelectual dessa época longínqua não fazia pressagiar. "Com efeito, desde a mais alta Antiguidade, os povos da Ásia e da Grécia acreditaram na imortalidade da alma, e mais ainda, muitos procuravam saber se essa alma fora criada no momento do nascimento ou se existia antes. "A Índia é, muito provavelmente, o berço intelectual da humanidade, e é interessante que se encontrem nos vedas e no Bhagavad Gita passagens como as que se seguem: "Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, também a alma deixa o corpo usado para revestir novos corpos"... "Os mundos voltarão a Brama, ó Arjuna, mas aquele que me atingiu não deve mais renascer"... "Encontra-se no mazdeísmo, religião da Pérsia, uma concepção muito elevada, a da redenção final concedida a todas as criaturas, depois de haverem, entretanto, experimentado as provas expiatórias, que devem conduzir a alma humana à sua felicidade final...". "Na Grécia vai-se encontrar a doutrina das vidas sucessivas nos poemas órficos; era a crença de Pitágoras, de Sócrates, de Platão, de Apolónio e de Empédocles. Com o nome de metempsicose falam dela muitas vezes nas suas obras, em termos velados, porque, em grande parte, estavam ligados pelo juramento iniciático; contudo, ela é afirmada com clareza no último livro da "República", em "Fedra", em "Timeu" e em "Fedon". "Platão adopta a ideia pitagórica da palingenesia. Ele fundou-a em duas razões principais, expostas no "Fedon". A primeira é que, na natureza, a morte sucede à vida, e, sendo assim, é lógico admitir que a vida sucede à morte, porque nada pode nascer do nada, e se os seres que vemos morrer não devessem mais voltar à Terra tudo acabaria por se absorver na morte. Em segundo lugar, o grande filósofo baseia-se na reminiscência, porque, segundo ele, aprender é recordar. "A escola neoplatónica de Alexandria ensina a reencarnação, precisando, ainda, as condições, para a alma, dessa evolução progressiva. "Para Plotino, a alma comete faltas, é condenada a expiá-las, recebendo punições em infernos tenebrosos; depois, é obrigada a passar a outro corpo, para recomeçar suas provas... "Porfírio não crê na metempsicose, ainda mesmo como punição das almas perversas e, segundo ele, a reencarnação só se opera no género humano. "Segundo Jâmblico, a justiça de Deus não é a justiça dos homens. O homem define a justiça sob o ponto de vista da sua vida actual e do seu estado presente. Deus define-a relativamente às nossas existências sucessivas e à universalidade das nossas vidas. "Entre os romanos, que receberam a maior parte dos seus conhecimentos da Grécia, Virgílio exprime claramente a ideia da palingenesia... Diz também Ovídio que a sua alma, quando for pura, irá habitar os astros que povoam o firmamento, o que estende a palingenesia até aos outros mundos semeados no espaço. "Os gauleses praticavam a religião dos druidas, acreditavam na unidade de Deus e nas vidas sucessivas. "Durante todo o período da Idade Média, a doutrina palingenésica ficou velada, porque era severamente proscrita pela Igreja, então toda-poderosa... Foi preciso chegar aos tempos modernos, e à liberdade de pensar e de discutir publicamente, para que a verdade das vidas sucessivas pudesse renascer à grande luz da publicidade". "Descartes, Leibnitz e Kant tiveram uma certa intuição destes factos (caracteres dissemelhantes dos gémeos e terem os meninos-prodígio talentos que os pais não possuíam); Descartes, sobretudo, na sua teoria das ideias inatas... "Todas estas religiões se basearam na crença nas vidas sucessivas: o bramanismo, o budismo, o druidismo, o islamismo. O cristianismo primitivo não abriu excepção à regra. Traços desta doutrina se nos deparam no Evangelho. Os padres gregos Orígenes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admitiam-na...". «Ainda que em tempos remotos grandes pensadores cristãos tenham aceite a doutrina das vidas sucessivas, como Orígenes, Agostinho, Francisco de Assis, Jerónimo, entre inúmeros outros pensadores religiosos e leigos, antigos e modernos, muitos mantêm-se na obstinada negativa de quem concluiu sem estudar, como o que não viu e não gostou.» Segundo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres (The Case for Reencarnation, de Leslie D. Weatherhead, Londres, 1958), o conceito das vidas sucessivas foi rejeitado pela Igreja Católica no Concílio de Constantinopla, em 553, por votação, na qual a reencarnação perdeu por 3 a 2. O que realmente aconteceu foi que um sínodo local condenou os ensinamentos de Orígenes acerca da preexistência da alma, em 553, na cidade de Constantinopla, crê-se que até por imposição política do imperador Justiniano, a cuja esposa desagradava a ideia de poder reencarnar como escrava, se maltratasse os escravos, como então se ensinava. 2.5. A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA E NOS EVANGELHOS Entre os hebreus, a ideia das vidas anteriores era geralmente admitida. A crença nos renascimentos da alma encontra-se indicada em inúmeras passagens da Bíblia, de forma mais ou menos velada, porém, claramente nos evangelhos. Em Isaías, cap. XXVI, v. 19, encontramos: Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão. Despertai do vosso sono e entoai louvores a Deus, vós que habitais o pó... É também muito explícita esta passagem de Isaías: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo". Se o profeta houvera querido falar da vida espiritual, se houvera pretendido dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam mortos em espírito, teria dito "ainda vivem", e não "viverão de novo". No sentido espiritual, seria um contra-senso, pois implicaria uma interrupção na vida da alma. No sentido da regeneração moral, seria a negação das penas eternas, pois estabelece, em princípio, que todos os que estão mortos viverão". E Job, no cap. XIV, v. 10 a 14, na versão da Igreja grega, assim escreve: Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo. "...O princípio da pluralidade das existências acha-se claramente expresso... A versão da Igreja grega é mais explícita, se é que isso é possível. "Acabando os dias da minha existência terrena, esperarei, porquanto a ela voltarei, ou voltarei à existência terrestre. Isto é tão claro como se alguém dissesse: "Saio de minha casa, mas a ela tornarei". Em várias passagens dos Evangelhos aparece claramente a ideia da reencarnação, sendo referida pelos evangelistas, demonstrando que era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus. 1. "Jesus, tendo vindo às cercanias de Cesareia de Filipe, interrogou assim seus discípulos: "Que dizem os homens em relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?". Eles lhe respondem: "Dizem uns que és João Baptista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas". Perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?". Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"... (S. Mateus, cap.XVI, vv. 13 a 17; S. Marcos, cap. VIII, vv. 27 a 30). 2. "Nesse interim, Herodes, o Tetrarca, ouvira falar de tudo o que fazia Jesus, e seu espírito se achava em suspenso - porque uns diziam que João Baptista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos profetas ressuscitara. Disse então Herodes: "Mandei cortar a cabeça a João Baptista; quem é então esse de quem ouço dizer tão grandes coisas?" E ardia por vê-lo. (S. Marcos, cap. VI, vv. 14 a 16; S. Lucas, cap. IX, vv. 7 a 9). 3. "Após a transfiguração, os seus discípulos então o interrogaram desta forma: "Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?". Jesus lhes respondeu: "É verdade que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem". Então seus discípulos compreenderam que fora de João Baptista que ele falara". (S. Mateus, cap. XVII, vv. 10 a 13; S. Marcos, cap. IX, vv. 11 a 13). "A ideia de que João Baptista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra está em muitas passagens dos Evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas (n.º 1, 2 e 3). Se fosse errónea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como combateu tantas outras". Ainda o Evangelho de S. João apresenta afirmação mais categórica do Cristo com referência à doutrina das vidas sucessivas: Ora, entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: "Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes se Deus não estivesse com ele". Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, te digo, ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo". Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?" Retorquiu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, te digo: Se um homem não renasce da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do espírito é espírito. Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo..." Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se? - Jesus lhe observou: "Pois quê! És mestre em Israel e ignoras estas coisas?"... (S. João, cap. III, vv. 1 a 12). "Esta última observação do Cristo mostra bem que ele se surpreendeu não conhecesse um mestre em Israel a reencarnação, porque ela era ensinada como doutrina secreta aos intelectuais da época. "Uma das provas que se pode apresentar é a de que existiam ensinos ocultos ao comum dos homens, e que foram compilados nas diferentes obras que constituem a Cabala. "No ensino secreto, reservado aos iniciados, proclamava-se a imortalidade da alma, as vidas sucessivas e a pluralidade dos mundos habitados. "Não há dúvida de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, as suas palavras, quando forem meditadas sem ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto, bem como em relação a muitos outros. "A essa autoridade, do ponto de vista religioso, se adita, do ponto de vista filosófico, a das provas que resultam da observação dos factos. Quando se trata de remontar dos efeitos às causas, a reencarnação surge como de necessidade absoluta, como condição inerente à humanidade; numa palavra: como lei da natureza... "Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho, razão por que têm dado lugar a tão contraditórias interpretações. Somente esse princípio lhes restituirá o sentido verdadeiro". 2.6. REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO ANÍMICA "Tomando-se a humanidade no grau mais ínfimo da escala espiritual, perguntar-se-á se é aí o ponto inicial da alma humana. "Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, individualiza-se e elabora-se, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, as suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. "Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação para os seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem: são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo". "O sentimento da justiça absoluta diz-nos também que o animal, tanto quanto o homem, não deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações; o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano... " A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem adquire o conhecimento, e não mais pode retrogradar. Porém, em todos os graus ela prepara e conforma o seu invólucro. As formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio. A situação que ocupa na escala dos seres está em relação directa com o seu estado de adiantamento". "A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes, na Terra, a fim de acendrar suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a senhorear e governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhes fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos". "No dia em que a alma, libertando-se das formas animais e chegando ao estado humano, conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o dever, nem por isso atinge o seu fim ou termina a sua evolução. Longe de acabar, agora é que começa a sua obra real; novas tarefas a chamam. As lutas do passado nada são ao lado das que o futuro lhe reserva. Os seus renascimentos em corpos carnais se sucederão...". 2.7. REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DO HOMEM "Quando o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, liga-o ao germe que o atrai com uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, o laço encurta-se. Sob a influência do princípio vital - material do germe -, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, une-se, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior". "À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O espírito acha-se mais livre, e tem, das coisas longínquas, percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só pelo pensamento entrevemos. "Da purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral para os seres que eles constituem, quando encarnados. As paixões animais enfraquecem-se e o egoísmo cede lugar ao sentimento de fraternidade. Assim é que, nos mundos superiores ao nosso, se desconhecem as guerras, carecendo de objecto os ódios e as discórdias, porque ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que seus habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos lhes dá, fazem com que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem temor, como simples transformação. "A duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o espírito, menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos".

"REENCARNAÇÃO E VIDAS PASSADAS"

A curiosidade do ser humano em relação a vidas passadas não é de hoje. Várias correntes do pensamento filosófico e religioso pregam o retorno à vida, tantas vezes quantas necessárias até a perfeita evolução espiritual. Outras, de origem oriental, dizem que os renascimentos são constantes, sendo seu limite um mistério. Ultimamente até a ciência, através da física quântica, tem se interessado pelos fenômenos inexplicáveis. Reconhece que existe alguma estrada que poderia nos ligar a um registro cósmico que guarda informações do passado. Este mesmo pensamento é encontrado no fenômeno que C. G. Jung, notável psicólogo suíço, chamou de sincronicidade. Historicamente falando, a teoria da reencarnação é tão antiga como a história do próprio homem. Os povos orientais sempre se mostraram sensíveis à crença na reencarnação, aceitando-a e atribuindo-lhe um grande destaque religioso. O budismo e várias seitas hindus sempre acataram a reencarnação da alma. O mesmo podemos dizer dos primeiros cristãos, dos antigos egípcios e dos antigos gregos, que tinham na reencarnação um dos pontos básicos de suas crenças. No Tibet, o Dalai Lama é considerado a reencarnação do seu antecessor. Pitágoras, o grande matemático, afirmava ter sido Euforbos, filho de Pantos. O próprio Kardec reconhecia ter sido, em uma de suas encarnações, um sacerdote druida, motivo que fez com que adotasse o pseudônimo Allan Kardec. O espiritismo admite a reencarnação como o processo das existências sucessivas, retomando o espírito do mesmo ponto evolutivo em que se encontra para um novo aprendizado ou para restabelecer o equilíbrio perdido em fases anteriores. Os relatos de reencarnação também estão presentes nos depoimentos de grandes santos e doutores da igreja. Orígenes, sábio cristão e mestre da igreja, ensinava que "todas as almas chegam a este mundo fortalecidas pelas vitórias ou debilitadas, pelas derrotas de uma vida pregressa”. Dizia que o nosso lugar neste planeta é determinado por nossos méritos ou deméritos do passado". Essa afirmação traduz sua ampla confissão da sua crença viva na reencarnação da alma. São Gregório, Bispo de Nissa, afirmou que "a alma precisa purificar-se e isso não acontecendo durante a vida na Terra, deve ser realizado em outras vidas futuras". Na índia, até hoje, admite-se a reencarnação da alma em corpos humanos, podendo a mesma retroagir e reencarnar em corpos de animais. A maioria das religiões que acreditam em reencarnação, a considera o caminho para a purificação e salvação. O Hinduismo, a religião em prática mais antiga do mundo, é unida pela aceitação do samsara, uma cadeia de nascimentos e mortes ligadas pela reencarnação. Controlar o samsara é a lei do carma. Os Hindus acreditam que todos os indivíduos acumulam carma durante uma vida. Boas ações geram bom carma, e más ações criam carma negativo. Ele não é determinado ou regulado por nenhum Deus; simplesmente é adquirido por um indivíduo e passado para suas vidas posteriores. Já o budismo fundado há 2.500 anos, incorporou a crença hindu na reencarnação. A maioria dos budistas, acreditam no samsara ou no ciclo de renascimento. Apesar da crença na reencarnação ser um elemento predominante de muitas religiões orientais, ela também foi ensinada no antigo mundo ocidental. Algumas antigas religiões greco-romanas acabaram influenciando a filosofia de famosos pensadores como Platão, que acreditava que a alma reencarnava repetidas vezes. É impressionante o número de relatos de pais que afirmam que seus filhos descrevem com convicção a lembrança espontânea de uma existência anterior! As lembranças espontâneas, mais comuns ocorrem entre 3 aos 7 anos de idade e, geralmente, quando as crianças estão em períodos de relaxamento. O humor pode variar, mas o tom de voz e o modo de falar são sempre diretos e naturais. Relatam algo que lembram, como sendo um fato ocorrido há umas emana ou há um mês. Podem usar palavras que não pertençam ao seu vocabulário habitual, ou falar com mais fluência e/ou confiança. Costumam aparentar paz no rosto ou apresentar um olhar vago. A criança pode falar de coisas que os pais sabem que não teve oportunidade de aprender ou tomar conhecimento; pode falar em uma língua desconhecida da família (há relatos de gêmeos que falavam aramaico entre si); quando relata um fato, é do seu ponto de vista, como, por exemplo, o que via ao afogar-se, ou ao ser atropelada. Há alguns comportamentos e/ou sinais típicos: fobias, habilidades espontâneas, talentos natos, sinais de nascença, defeitos físicos, fortes afinidades por culturas diferentes, ou por outra época ou aversões inexplicáveis. Podem apresentar lembranças de locais em que nunca estiveram. Os gatilhos que fazem disparar lembranças espontâneas podem ser os mais variados: - sons, odores, sabores, acontecimentos traumáticos, fotografias, filmes, visão de sangue e etc. Nestes casos os pais devem: - manter a calma; - respeitar os sentimentos; - distinguir entre fantasias e lembranças verdadeiras; - permitir que as emoções aflorem; - esclarecer com cuidado o que é passado e o que é presente; - reafirmar que agora está em outra vida, com um novo corpo e que é amado e aceito; - manter um registro das lembranças; pois poderá ser útil futuramente, para a criança ou para os próprios pais. Mas a criança, e até mesmo o adulto, pode entrar em contato com suas vidas passadas também através dos sonhos. Tem um texto médico tibetano do século XI, onde narra que as lembranças de vidas passadas começam na 26° semana intra-uterina; as evidências médicas atuais confirmam que nesta fase da gestação já há evidências de sono REM (característico dos períodos de sonho). Podemos perceber que o sonho traz lembranças e conteúdos de vidas passadas quando: . É muito vivo, dando uma impressão profunda de que é real. . Quando os sonhos ou pesadelos são repetitivos, acompanhando a pessoa até a vida adulta. . Quando se sente como outra identidade, sendo outra pessoa, em outro tempo e lugar, fala línguas diferentes durante os sonhos. Por isso, é sempre bom lembrar que as crianças podem ser almas antigas habitando corpos infantis, trazendo suas memórias celulares e genéticas. Quantas vezes você já teve a sensação de que já esteve em algum lugar sem nunca tê-lo visitado, já ter visto uma pessoa sem nunca tê-la conhecido. Ou simplesmente, ver a pessoa pela primeira vez, e de cara, ter uma empatia ou antipatia. Esse fenômeno é conhecido como: "Déjà vu" que significa "Já visto" em francês. Normalmente essa sensação vem acompanhada de uma forte emoção que pode despertar sentimentos diversos, negativos ou positivos. Isso ocorre porque o espírito sobrevive à morte física e o inconsciente das pessoas armazena experiências e sentimentos ao longo de vidas sucessivas. Então, num dado momento, o inconsciente, despertado por uma visão, uma palavra, ou algum outro fato relevante traz ao consciente essas memórias provocando o fenômeno "Déjá vu". Como o inconsciente, nem sempre separa o passado do presente, ficamos com a impressão de que o fato refere-se à vida atual. O despertar dessas "memórias", também pode ser provocado intencionalmente, com o objetivo da cura psicoterapêutica, com o método chamado "TVP" - Terapia de Vidas Passadas, que é um método de tratamento da Psicologia, praticado por profissionais credenciados. A Regressão as Vidas Passadas é apenas uma das técnicas aplicadas à TVP. Na Regressão o paciente é levado a relaxar para permitir o acesso ao seu inconsciente. Nesse processo, surgem em sua mente, lembranças dessa vida (da infância, ou até mesmo da fase intra-uterina) ou de vidas passadas. O paciente pode citar nomes, descrever fatos, pessoas, e vivenciar intensamente a sua regressão. Através da Regressão, o paciente é levado a desvendar problemas do passado, dessa vida ou de outras, que possa, estar interferindo no presente. Quando finalmente, consegue separar acontecimentos passados de vivências presentes, o seu inconsciente é “reprogramado” para compreender a natureza de seus conflitos; dores físicas, traumas emocionais, problemas de relacionamento, etc., identificando-os com o passado e eliminando-os do presente. Embora muitos de nós não tenhamos lembranças conscientes de vidas passadas, nós não só estamos vivendo os efeitos do que provocamos naquelas vidas, como são aquelas mesmas causas que fizeram com que nascêssemos novamente. Muitas vezes as pessoas se deparam com uma atividade pela primeira vez, e se surpreendem ao verificar que possuem uma capacidade incrível para aquilo. Ou seja, ela não sabia que já sabia! É o caso do grande pintor e escultor Michelangelo, que criou: Davi e pintou os afrescos da capela cistina. Monzart… já era um prodígio no violino e no teclado desde a infância, onde começou a compor aos cinco anos de idade. Sem citar outros gênios da humanidade, como Leonardo Da Vinci, que desde cedo manifestou inteligência, sabedoria, criatividade, dons e talentos impossíveis de se obter em uma única existência. São verdadeiros gênios com potenciais latentes que se manifestaram magnificamente Você sabia que as lembranças que traz de vidas passadas influenciam diretamente em seu dia-a-dia? Trata-se da sua herança astral, que você carrega de outras vivências. Isso quer dizer que todo mundo tem um carma e uma missão a cumprir aqui na Terra para conseguir ser feliz. Uma outra forma de abordar as vidas passadas é através da Astrologia Cármica e da Numerologia Kármica. Estas técnicas procuram resgatar as experiências de outras vidas, que com certeza influenciam sua vida atual, para resolver e compreender com maior facilidade os problemas e as atitudes que tem hoje. Isso significa que cada pessoa tem um carma em seu caminho e uma missão que deve cumprir para se purificar e alcançar seu crescimento. Através da Astrologia e da Numerologia se pode descobrir qual é o seu carma e qual a sua missão. Quer saber qual é a sua? Então, não perca tempo, descubra já tudo o que deve fazer para evoluir espiritualmente e encontrar a harmonia e paz de espírito!

A dor de Amar!

Já foram cantadas em verso e prosa As incoerências desse tal "amor"... É um amargo-doce, dor deliciosa, É tristeza alegre, é frio no calor. E os sentimentos daquele que ama Com fervor intenso, com obsessão, Conforme a ciência já hoje proclama, São fontes de stress, de flagelação. Mas como viver sem curtir no peito Esse stress vibrante e o sofrer de amar, Delícias de ter um cúmplice perfeito, Dores e prazeres de compartilhar? E como ficar nas noites sombrias Sem sentir na alma a amorosa brisa, De um abraço amigo pleno de magias, E do afago amante que nos realiza? Se amar é sofrer... stress e flagelo... Hão de preferir nossos corações O fascínio eterno de um doce libelo A um destino insosso, pobre de emoções...